ESTRAGO
O desperdício, apesar de ocorrer em escala industrial nas concessionárias, não se limita a elas. Depois de alcançar as torneiras, a ação perdulária dos consumidores, aliada a técnicas inadequadas de irrigação e pecuária, contribui com a escassez. Da produção ao gasto, o mal uso ganha forma do maior inimigo do provimento de água no Brasil. Como se os dados já não fossem suficientemente preocupantes, para muitos, o problema ainda é subestimado.
A arquiteta e coordenadora da campanha de Olho nos Mananciais do ISA, Marússia Whately, observa que o Brasil acumula 12% da água doce no mundo, mas, nem por isso, pode se dar ao luxo de esbanjar o recurso natural. "Acredito que a perda no sistema é mais significativa do que o padrão de consumo. Cada vez mais, as águas disponíveis estão poluídas e, por isso, escassas. Tratá-las fica, dia após dia, mais caro e as projeções para o futuro são desanimadoras. O Brasil, em vez de cuidar bem da água já disponível, busca sempre explorar novos mananciais", analisa a especialista.
Enquanto a consciência não vem, muitos cidadãos dão de ombros para os alertas e o poder público, se não os ignora, é ineficiente no combate ao problema. Em metrópoles como Belo Horizonte, onde o abastecimento é uma questão especialmente delicada, não é difícil flagrar o líquido mais importante do planeta sendo desperdiçado nas calçadas, em torneiras com defeito ou mal fechadas e no próprio excesso de consumo.
Na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza, Região Leste de BH, e em canteiros centrais espalhados por diversos pontos da Região Centro- Sul de BH, como os da Avenida Bias Fortes, por exemplo, parte do líquido que deveria irrigar os jardins molha o asfalto, o passeio, os carros e eventualmente motoristas e pedestres. Na hora de limpar o quintal, muitas vezes a mangueira faz o serviço da vassoura, com água pura e potável que se transforma em esgoto em segundos de falta de consciência
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Fonte:Jornal Estado de Minas
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